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04/12/2010 - 00h52

Demian Maia é um novo homem

 

“Eu faço o que amo e não brinco em serviço. Tento me cercar de bons treinadores e coloco meu coração em cada minuto do meu trabalho”.

 

Na expectativa para a sua luta contra Kendall Grove, vencedor no The Ultimate Fighter 3, no card do TUF 12 Finale, neste final de semana, Demian – lutador de Jiu-Jitsu conhecido pelo seu jogo de chão e uma busca incansável pela finalização-, mantém um treino particular de boxe, programa que ele iniciou depois da sua derrota para Nate Marquardt pelo UFC 102.

Nós poderíamos dizer que ele fez isso por conta do nocaute que sofreu, cortesia de uma direita de Marquardt, e Maia admite o fato, que o motivou a treinar mais boxe do que antes.

“Eu já pensava em melhorar o meu boxe antes da luta contra Marquardt, mas depois dela eu tomei essa decisão. Eu conversei com Minotauro Nogueira e a decisão foi treinar em Cuba, mas ele não poderia ir, então sugeriu que eu viajasse até a Bahia e começasse a treinar na Champion, do Luiz Dorea. Eu me sinto bem treinando por lá, não apenas o meu boxe, mas todo o meu jogo. Eu sentia que poderia me dedicar mais lá do que em São Paulo, onde tenho outras atividades. Na Bahia era só treino, me alimentava, descanso e voltava ao treino”.

A rotina dedicada iniciada por Demian depois do rápido nocaute que sofreu, já deu resultados quando ele enfrentou Dan Miller pelo UFC 109 em fevereiro.

Não apenas seus punhos estavam afiados, mas sua movimentação, distância e aproximação mostraram um crescimento impressionante. Então, para um cara como Demian, que era considerado fora do seu elemento quando a luta permanecia em pé, o desempenho foi ótimo e ele conseguiu deixar para trás o título de ‘o homem de um golpe só’.

“Eu amo treinar e sei que mesmo que não tivesse ido pra Champion, minha vontade acabaria me colocando, de alguma forma, no caminho para conquistar o que eu estava procurando (o boxe). Mas a energia que encontrei dentro da academia foi fantástica e, além do treino, conquistei uma grande evolução no meu jogo em pé”.

Mas ao lutar contra Anderson Silva pelo título do médio, dois meses depois, Demian mostrou mais coração do que efetividade e só conquistou vantagens no quarto e quinto rounds, onde o seu espírito de lutador apareceu ao trocar alguns golpes de joelhos contra Anderson, com um nariz quebrado e o rosto amassado, conquistando os gritos do público.

Aquele não foi o tipo de técnica que Demian treina todos os dias, mas ele garante que algumas das coisas que ele desenvolveu na academia ainda não foram usadas nas suas lutas.
“Eu estou treinando bem diferente do que treinava antes, mas ainda não me arrisquei a usar o que estou treinando nas lutas. Eu tenho certeza que isso pode ser usado contra meus oponentes, mas ainda me sinto relutante em utilizar.

“Existem muitas coisas envolvidas quando você está lutando no UFC: uma vez que você entende os buracos no jogo do seu adversário, você o derrota – principalmente quando os caras cometem erros no chão e eu os finalizo. Mas eu acho que aos poucos eu ficarei mais tranquilo quando se trata desse aspecto”.

A intenção do ex-desafiante ao título do peso médio é se tornar um lutador completo do UFC, sendo perigoso em pé e letal no chão. Mas para um cara com oito vitórias por finalizações em 15 lutas (13-2), parece que ele está se afastando da sua essência, o Jiu-Jitsu, essência essa que garantiu elogios dos Gracies e o título do mais talentoso lutador de JJ no MMA.
“Eu ainda tenho muito disso e não tenho dúvidas de que, quando entrar no octógono, entro para representar o JJ. Mas eu acho que novos truques foram adicionados para me ajudar também. O tempo é curto e é bom ter várias estratégias na cabeça”.

Na sua última luta contra ‘Super’ Mário Miranda pelo UFC 118 em agosto, Demian mostrou um pouco do que ele falou anteriormente. Ele tentou uma esquerda no começo do primeiro round e depois foi para a queda. No chão, Demian não deu chances ao seu compatriota, vencendo por decisão com total domínio.

A facilidade com que Maia levou ‘Super’ Mário ao chão durante os 15 minutos daquela luta foi interessante. Mas não foi por acaso, já que o paulista treinou wrestling na Overtime Academy em Chicago, o mesmo lugar onde ele foi na preparação para enfrentar o lutador mais alto da divisão, Grove e seus 1,98cm. O havaiano adora o jogo no chão e usa o seu grande alcance em pé para acabar com as estratégias dos adversários. E essas questões são bem-vindas para um cara como Demian, que está melhorando todo o seu jogo de MMA.

“Eu só tenho coisas boas a dizer sobre Grove. Sua defesa, seu ataque e as finalizações. Por conta da sua altura, treinei com caras como Antônio Peinado (1,93cm) e Edinaldo Oliveira (2,01cm), sob a supervisão do técnico Wagner Motta, para encarar os problemas que o Grove pode apresentar para mim.”

Feliz de alcançar um outro tipo de público por meio da Spike TV, Demian espera expandir a sua base de fãs no sábado à noite. Mas antes ele precisa derrotar Grove de uma forma que impressione esses novos seguidores em potencial.

“Eu sou muito sério no que faço e sei que sou privilegiado em fazer parte de um evento que muitos lutadores sonham em estar. O UFC é um sonho para muitos e, uma vez que cheguei lá, aprecio muito a oportunidade. Eu faço o que amo e não brinco em serviço. Tento me cercar de bons treinadores e coloco meu coração em cada minuto do meu trabalho. Nós lutamos pelos fãs, então eu luto para agradá-los. É isso”.

 Por: Martins Denis para UFC.COM